A Dermatite Atópica é um dos tipos de dermatite, que são as doenças inflamatórias da pele. De acordo com a Dra. Andrea Bannach, médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e gerente médica da franquia de dermatologia no Aché Laboratórios, é considerada crônica e a doença de pele mais comum na infância.

 

Em setembro há o Dia da Dermatite Atópica, que tem o objetivo de conscientizar sobre o problema de saúde, que precisa de tratamento para ter o devido controle. Por isso, o blog da semana é sobre esse tema tão importante.

 

Dermatite Atópica

Andrea explica que a doença é mais comum na infância, com períodos em que a criança está bem, sem sintomas, e outros em que os sintomas aparecem. "Em geral, vai melhorando conforme a criança vai envelhecendo. A maior parte dos casos desaparece até a adolescência", diz.

 

Quais os sintomas?

Segundo Andrea, podem ser comuns coceira, lesões pelo corpo, engrossamento e descamação da pele. "As lesões, geralmente, ficam avermelhadas. É mais comum em algumas áreas específicas, porém, pode aparecer em qualquer parte do corpo".

 

Bebê com Dermatite Atópica

Nas crianças pequenas (bebês), muitas vezes, as lesões aparecem no rosto, principalmente nas bochechas. Em crianças mais velhas, é mais comum nas partes internas de joelho e cotovelo. Mas, independentemente do local, os sintomas são parecidos.

Ela acrescenta que, conforme os anos vão passando, se a criança tem muitas lesões no mesmo local, a pele vai engrossando, o que é chamado de liquenificação. "Quando ocorre, a pele fica espessa e é um caso mais difícil de tratar. Quanto mais prolongada a situação, mais difícil é o tratamento".

 

Dermatite Atópica em adulto

Andrea ressalta que, apesar de mais comum em crianças, a Dermatite Atópica pode, sim, afetar pessoas adultas. "Até idosos podem ter, pode ser para a vida toda. É mais comum em pessoas que já têm alguém na família com a doença ou outras alergias, como rinite e asma".

 

Nos adultos, é mais comum afetar as mãos, região de coxa e nádegas. 

 

O que piora a Dermatite Atópica?

Algumas crianças podem apresentar piora por fatores específicos, como picada de inseto, que causa ainda mais coceira e lesão no local. "Além disso, pode acontecer infecção secundária em que a criança, de tanto coçar, acaba levando bactérias que estão embaixo da unha para aquele local, causando sinais de infecção, como produção de pus e calor local. Isso é uma complicação da Dermatite Atópica", esclarece Andrea.

 

Mas não é só isso, conforme explica a dermatologista: "tem muita coisa que pode piorar e gerar uma crise de Dermatite Atópica. Já começa com o aspecto emocional: quando a pessoa está mais estressada, ansiosa, nervosa, pode ter piora das lesões. Além disso, banhos quentes e demorados são vilões, porque afetam a microbiota da pele e o manto hidrolipídico, que é a barreira de proteção natural - que já é prejudicada em pessoas com a doença. Por isso, se a pessoa toma banho muito demorado ou quente, ou usa um sabonete muito agressivo, pode agravar ou causar lesão", afirma.

 

Ela ainda acrescenta que uso de produtos incorretos, com muito perfume, fragrância, corantes ou outras substâncias prejudiciais, pode induzir a formação de lesão ou piorar as já existentes. Também é preciso evitar exposição à poeira, ácaros, tintas e substâncias químicas mais fortes.

 

Dermatite Atópica tem cura?

Cura, infelizmente não existe, de acordo com Andrea. "É considerada uma doença crônica, com períodos de melhora e piora - essa é a evolução normal da doença. Mas existem várias opções de tratamento".

 

Dermatite Atópica: tratamento

Quando a crise é leve ou moderada, em geral, usa-se apenas produtos tópicos, com um produto de banho tipo Syndet (sem sabão), hidratantes específicos para Dermatite Atópica, que contém substâncias calmantes e anti-inflamatórias, além de corticoides e imunomoduladores, que são os inibidores de calcineurina, como cremes ou pomadas que podem ser aplicadas onde há as lesões.

 

"Além disso, podem ser usados medicamentos para alívio da coceira, de uso oral, anti-histamínicos. Para os casos graves, são usados medicamentos sistêmicos, comprimidos anti-inflamatórios mais potentes e, hoje em dia, existem até imunobiológicos específicos para Dermatite Atópica, que são reservados para casos graves", complementa Andrea Bannach.

 

Dermatite Atópica é contagiosa?

"Não é contagiosa. Só são contagiosas as doenças que são infecciosas. A Dermatite é uma doença inflamatória. Por questões genéticas, os filhos têm mais chances de ter quando os pais têm. Porém, o convívio com outras pessoas não tem chance nenhuma de transmitir a doença", diz Andrea.

Qual o melhor hidratante para Dermatite Atópica?

Os hidratantes específicos ajudam a repor o manto hidrolipídico que está prejudicado com a doença, de acordo com Andrea. "Além disso, contêm substâncias calmantes e anti-inflamatórias para ajudar no controle da coceira, reduzir vermelhidão e edema que se formam na pele nos locais onde tem lesão. É importante que o hidratante e o limpador sem sabão sejam usados todos os dias, mesmo fora da crise. O uso contínuo ajuda a evitar que haja novas crises da doença. É uma medida muito importante", explica a dermatologista.

 

É preciso conhecer para cuidar
Andrea ressalta que a Dermatite Atópica é uma doença especificamente da pele e não afeta outras partes do corpo, porém, devido à coceira, que pode ser intensa em alguns casos, pode prejudicar até o aspecto emocional. 

 

"Há relatos, por exemplo, de pessoas que têm problemas para dormir, trabalhar, para se concentrar na escola, porque está coçando muito. Há também uma questão psicológica forte por conta de prejuízo social, causada pelas lesões. Às vezes, a pessoa tem vergonha, porque tem lesões no rosto, ou em áreas visíveis de pele, e se sente constrangida em sair em público, usar uma roupa mais aberta", comenta a dermatologista.

 

Por isso, é importante falar sobre o assunto, já que existe preconceito com quem possui Dermatite Atópica: "muita gente que tem, vive reclusa por conta de quem não entende sobre a doença. É preciso falar sobre para levar esse conhecimento e reduzir o estigma que há sobre esse problema de saúde". 

 

Lembre-se de visitar com regularidade um dermatologista, para sempre oferecer o melhor cuidado à sua pele. Afinal, ela é seu lar.