Ter uma noite de sono tranquila e acordar revigorada. Tomar um banho sem sentir medo e olhar para o próprio rosto no espelho só na hora do skincare. Vestir uma roupa pelo simples fato de ela ser bonita e comer de tudo sem pensar no quanto esse tudo pode arruinar a pele nos próximos dias.
Pra muita gente esse é só mais um dia de vida. Pra mim, que convivo com a dermatite atópica desde os seis anos de idade, é meu maior sonho.
Se você pesquisar, o Google vai te mostrar que a dermatite atópica, também conhecida como eczema atópico, é uma doença crônica e não contagiosa que geralmente surge na infância. Se caracteriza por uma irritação na pele desencadeada por inúmeros fatores – mudanças bruscas de temperatura, alimentação desequilibrada, ácaro e principalmente estresse.
Se você me perguntar, vou te dizer que a dermatite atópica é uma condição que me obriga a viver em função da minha pele dia e noite. E a fazer de tudo para evitar a próxima crise de coceira. Sim. Uma coceira tão intensa e tão insuportável que na maioria das vezes só passa quando me arranho até ficar em carne viva.
Pode acontecer nas minhas mãos, nas dobras internas dos cotovelos e joelhos, no rosto e onde mais existir pele. Pois é, a DA é criativa. Quando quer, dá um jeito de aparecer nas regiões mais inusitadas do corpo.

Depois da crise, que pode durar horas ou dias, começa um ciclo que, por sua vez, pode levar dias ou semanas para terminar:
1. Para dormir, enfaixo os braços com uma solução de vinagre de maçã com água filtrada (o pH mais ácido ajuda na cicatrização) e uma camada espessa de hidratante;
2. Antes de entrar no chuveiro, respiro fundo e aperto os dentes para tentar controlar a dor e me viro como posso num banho que parece mais uma corrida contra o tempo do que um momento de relaxamento;
3. Aplico, reaplico e reaplico hidratante nas áreas mais ressecadas do corpo. Isso se repete ao longo de todo o dia porque, 20 minutos depois de uma aplicação, a pele parece ter ido passar uma temporada no deserto.
Às vezes também preciso me render aos antialérgicos e medicamentos mais fortes, como pomadas imunomoduladoras, por mais que eu evite ao máximo.
Você deve estar pensando que parece uma vida difícil. E é. Mas, além disso tudo, se você me perguntar, vou te dizer também que a dermatite atópica me ensinou a viver sob uma outra perspectiva.
Aprendi desde cedo que minha pele pede calma quando minha mente está ocupada demais se estressando por coisas sem importância. Aprendi que boa alimentação, meditação, yoga e terapia (além de hidratantes de qualidade, claro) são aliados fiéis de uma pele feliz. Aprendi também que nem toda crise dura pra sempre e que depois de um dia ruim sempre tem um dia bom à minha espera. E só isso já é bom demais.
Marina Mori tem 26 anos e é jornalista. Natural de Curitiba, Paraná, atualmente mora em São Paulo. No perfil @peleatopica, no Instagram, compartilha dicas e experiências sobre dermatite atópica.
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